quinta-feira, 26 de julho de 2007

Preparados para a felicidade?

Vocês já pararam pra pensar como nossa memória guarda bem os traumas?
Se você passa por uma situação difícil na infância, aquilo fica guardado, e quando você cresce pode se tornar depressivo, compulsivo ou qualquer outra coisa que se torna um efeito negativo do que você passou.

Se formos contablizar, é capaz dos momentos ruins perderem dos felizes, mas a gente sempre guarda o que é mais difícil.

Nunca ouvi falar de uma pessoa que teve um reflexo positivo impactante em sua vida por causa um acontecimento bom. Ao contrário, se a pessoa sofre um acidente, por exemplo fica sem conseguir entrar num carro.

Os adultos que têm problemas por causa de traumas da infância, não falam dos momentos felizes que viveram, porque parece as coisas ruins anulam as boas. Temos que começar a nos concentrar no que vivemos de bom, e saber que merecemos ser felizes, que merecemos viver coisas boas.

Outro dia estava pensando nas mágoas que tenho, de como já influenciaram minha vida. Fiquei pensando que vivi coisas boas e ruins, mas que muitas vezes eu enfatizei as ruins, como se minha vida tivesse sido totalmente infeliz, e não foi. Como chorei por coisas tristes que passei e do pouco que ri me lembrando das coisas boas.

É mais fácil escrever sobre as dores do que sobre a alegria. Quando sofremos, conseguimos ir fundo no sentimento, refletir sobre aquilo, acompanhar todos os aspectos. Já quando estamos felizes parece que ficamos nos preparando para que algo ruim venha e atrapalhe nossa felicidade. Toda vez que algo bom nos acontece, ficamos pensando: porque estou tendo isso? Será que realmente mereço? Já que tudo que é bom um dia acaba, quando será que vai acabar? Essas perguntas nos atrapalham de viver intensamente o momento. Fica parecendo até que o ser humano não é preparado para ser feliz, porque sempre que está feliz acha que algo ruim vai acontecer ou que não merece a felicidade. Já, quando estamos num momento dif'ícil, a gente acha que tem alguma razão para estar passando por aqui, que pode ser castigo ou destino.

Eu gostaria, que a gente conseguisse usar as lembraças boas para nos curar das lembranças ruins. Que num momento de tristeza a gente achasse que aquilo logo vai passar, pois o que vem depois é felicidade. Que a gente não tivesse nenhum trauma, pois soubesse que se tivemos força pra sobreviver a algo terrível, temos força para qualquer coisa.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Coragem

Parece, que à medida que o tempo passa, vamos perdendo a coragem de arriscar.

Outro dia, conversando com uma amiga, ela me disse que antes da sua primeira gravidez, o casamento dela já estava acabado. Ela estava fazendo terapia e mesmo a terapeuta havia dito a ela que o melhor era a separação. Ela estava infeliz, não amava mais o marido, nem ele a ela. Acontece que ela não teve coragem de se separar. Hoje, com 2 filhos, ela diz que se arrepende de não ter se separado antes das crianças nascerem, disse que teve medo de se separar e acabou ficando infeliz. Agora separar é mais difícil, por causa das crianças, mas ela continua infeliz e tenta criar forças para tomar essa difícil decisão.

Quando ela me contou isso, fiz uma reflexão. Quando eu era mais jovem, arriscava mais. Tive coragem aos 19 anos de mudar de cidade, deixar minha família, tudo para ir em busca da minha carreira. Hoje em dia já não tenho coragem. Ano passado recebi uma proposta de trabalho em outra cidade, é um lugar onde eu sempre quis morar, mas não tive coragem de ir, mesmo não tendo nada de importante me predendo na atual cidade. Não sei se fiquei com medo da mudança ou se simplesmente já não tenho mais o ímpeto de arriscar. Sei que se fosse em outros tempos, já teria arrumado as malas a muito tempo.

Outras decisões hoje em dia, também postergo, assim como minha amiga.
Parece que o tempo vai nos tornando mais duros e também mais medrosos. Hoje quando se tem uma decisão de mudança eu reluto.
Anos atrás, li uma frase que dizia "mudar dá medo". Na época não entendi essa frase, a achei boba, pois pensava que mudar era bom, que arriscar era algo positivo. Agora, já penso diferente. Deve ser pelos acontecimentos da vida, pelos erros e perdas que pensamos assim. Só que o medo de errar pode nos impedir de acertar.
Como voltar a ter coragem? Como voltar a ter aquele brilho jovem de quem quer arriscar?
Eu não sei a resposta, mas acho que exige esforço.

Espero que possamos ter coragem para mudar tudo o que nos deixa infelizes.
Espero que possamos arriscar, sabendo que podemos ganhar ou perder.
Espero que possamos ter força e fé para perseguir nossos sonhos.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Porque precisamos dos outros

"Todos os mestres dizem que o tesouro espiritual é uma descoberta solitária. Então por que
estamos juntos? - perguntou um dos discípulos ao mestre sufi Nasrudin.
Vocês estão juntos porque um bosque é sempre mais forte que uma arvore solitária -
respondeu Nasrudin - O bosque mantém a umidade do ar, resiste melhor a um furacão, ajuda o solo a ser
fértil.
“Mas o que faz uma arvore forte é a sua raiz. E a raiz de uma planta não pode ajudar outra
planta a crescer”.
“Estar juntos no mesmo propósito, e deixar que cada um cresça a sua maneira, este é o
caminho dos que desejam comungar com Deus".

Este conto, ilustra bem a razão de não nascermos cada um em uma ilha. Nós, assim como as árvores, precisamos uns dos outros.
Fico me lembrando dos momentos em que me isolei, em que escolhi a solidão. Nossa, como foi difícil! Penso nas escolhas erradas que fiz, quando não tinha (ou não me permitia ter) ninguém para compartilhar meus desejos e dores.
Se isolar é muito fácil, difícil é ter força para se abrir com alguém. Embora seja difícil, vale à pena, pois nem sempre o caminho mais fácil é o mais acertado.

Eu sei que os momentos de solidão são válidos. Sei que muitas vezes temos de pensar sozinhos para tentar achar uma saída. Mas também sei que o simples fato de falar com alguém alivia, ajuda. A pior escolha de uma pessoa é o isolamento.

Quanta dor e quantos problemas são minimizados pelo simples fato de ter algúem pra nos ouvir. Sei que não é fácil encontrar pessoas em que possamos confiar, mas precisamos estar abertos para isso.

Neste momento da minha vida, vejo o quanto minha "floresta" é importante. O quanto é bom saber que não estou sozinha neste mundo. Às vezes até o fato da gente ler o blog de alguém, descobrir suas idéias, entender seu jeito, nos ajuda a comungar com o mundo.

Você vai encontrar pessoas que não vão te entender, que vão te criticar e te julgar. Infelizmente nem tudo são flores. Mas, também encontrará pessoas que irão te apoiar, te ouvir e te consolar. A aposta é alta, mas a recompensa também.

Vamos nos permitir mais, nos expor mais e consequentemente viver mais e melhor.

Feliz dia do amigo para todos os meus queridos amigos dessa imensa floresta virtual.

Falando em dia do amigo, vocês sabem a história deste dia?

A idéia de estabelecer um Dia Internacional do Amigo partiu de um dentista argentino, Enrique Febbaro.
Inspirado pela corrida espacial, que estava à toda na década de 60, ele decidiu prestar uma homenagem à humanidade por seus esforços em estabelecer vínculos para além das fronteiras do planeta.
Divulgou durante um ano o lema “meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro” e, com a chegada do homem à Lua em 20 de julho de 1969, escolheu a data para promover uma festa dedicada à amizade.
A comemoração se tornou oficial em Buenos Aires (Argentina) com o Decreto nº 235/79. Aos poucos, ela foi adotada em outras partes do mundo.


Que possamos sempre, contar uns com os outros.

Beijos a todos.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

A casa do seu vizinho pode ser muito longe se você não gostar dele

William Shakespeare, sobre amizade à distância, escreveu: “Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprende a construir as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida”.

Muitas vezes, as pessoas que se tornam importantes em nossas vidas, não estão próximas. Podem não estar próximas geograficamente ou então porque não as vemos muito.
Se você tem um amigo de verdade, pode passar anos sem vê-lo, que ele continuará sendo importante, e quando se reencontrarem, será como se nunca tivessem se separado.

Essa semana, aprendi algo muito mais importante que isso: amizades resistir bravamente à distância. Pode-se sentir vontade de se abrir com essa pessoa, ela pode te emocionar com uma frase ou com sua história. A afinidade resiste ao tempo e à geografia.
A amizade é algo que não se explica.

Eu sempre acreditei em amizade a primeira vista, os melhores amigos que fiz foi assim. Foi assim com os amigos que me marcaram, e que até hoje são lembrados com carinho.
A internet nos traz muita coisa boa, além de informação: traz também a proximidade à muita gente boa e especial. Se não fosse a internet não sei se teria tanto contato com meus amigos distantes.

Mais uma vez, escrevo sobre amizade, pois é uma dádiva. Aristóteles disse: “A amizade é uma virtude, ou ao menos vem acompanhada de virtude e, além do mais, é o que há de mais necessário para a vida. Ninguém gostaria de viver sem amigos, mesmo que possuísse todos os demais bens”.
Eu escrevo novamente sobre amizade, pois ganhei um imenso presente, uma amiga me encontrou. Ela deve ser bruxinha, mas também esse nick Alyda é muito muito antigo, dos tempos que não existia internet. Fiquei muitos anos distante dessa amiga. Descobri que ela viveu dores parecidas com as minhas, que de uma forma incrível superou e que é uma pessoa maravilhosa.
Eu, quando comecei o blog, não esperava conhecer ninguém, muito menos reencontrar conhecidos. Coloquei o nick "Alyda" para poder falar com certa distância e reserva. Era apenas para desabafar ou para expor idéias. Era para simplesmente escrever. E agora tive uma surpresa incrível: o blog me trouxe contato com muita gente sensível, bacana e com essa amiga em especial.

Mayra, este post é dedicado a você, que mesmo de longe me fez ver, que não estamos sozinhos neste mundo, nem nos nossos piores deslizes e pesadelos.

Obrigada por ser tão especial e continue sempre mostrando a todos a pessoa única e encantadora que me mostrou.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sexta-feira 13

Hoje é um dia em que muita gente acredita ter uma força especial. Alguns acham que sexta 13 é dia de azar, outros de sorte e os mais desligados dessas coisas acham indiferente.
Pra você, o que é?

Cada um tem sua forma de ver esse dia. Para mim, lembra minha mãe. Ela nasceu em 13 de janeiro. Lembro-me que quando era criança e o aniversário dela caía na sexta, ela detestava... Com o tempo não a vi falando mais nisso. Mas me marcou, todo dia 13 (especialmente quando é na sexta) eu me lembro da minha mãe. Me lembro da falta que sinto dela, do quanto é especial para mim.

Eu sou a mais velha de 3 irmãos, o segundo é exatamente 1 ano e 2 meses(exatos) mais novo que eu, o outro 4 anos. Então não tive muita exclusividade da minha mãe, mas no fim das contas ela fez um bom trabalho. Me deixou ser indepentende, me ouviu com atenção. Quando eu dava uma de adulta ela me deixava ser assim. Claro que me chamava a atenção quando necessário. Ela respeitou minha personalidade e isso me fez muito bem.
Como toda mãe, ela teve erros e acertos. Durante muito tempo a julguei pelos erros, a cobrava por isso. Sei que isso a machucou, porque toda mãe quer ser perfeita. Levei muito tempo para entender que ela é humana, a gente sempre acha que os pais estão acima disso.
Durante minha adolescência, tive os conflitos que todo filho tem com a mãe. Em especial as meninas, pois se espelham na mãe: seja para querer repetir os acertos como para repelir os erros. Tinha coisas que ela fazia que eu jurava nunca fazer. Achava meu pai forte, centrado, batalhador, queria ser igual a ele. Minha mãe era a dona de casa, que cuidava da família, não queria aquilo pra mim, não entendia a importância.

Quando eu saí de casa, passei a ver muita coisa. Entendi que aquela docura que ela tinha, que aquele jeito diferente do meu pai, também era importante na vida. Senti falta dela, nossa relação melhorou. Depois passei a não culpa-la pelos erros e sim entendê-los, pois eu mesma passei a ter meus próprios erros. Hoje eu vejo que tenho características da minha mãe e do meu pai e também as minhas. A maneira como somos criados diz muito do que vamos ser durante a vida. Os pais nos servem de modelo, até que achemos nossa própria maneira de ser.

Agradeço muito aos meus pais pelo que fizeram. Hoje, lembrando da minha mãe, agradeço especialmente a ela, que me ensinou muito sobre sentimento, sobre amar. Meu pai era mais preocupado com o sustento da casa, com a formação dos filhos. Minha mãe dizia "arroz com feijão não é tudo na vida" e meu pai respondia "mas é o que mantem a vida". Os dois se completavam. Isso é um espelho muito bom para uma criança: um lado racional, aguerrido e outro emocional, apaixonado. Tive amor e carinho dos dois: do meu pai um amor mais desprendido e da minha mãe um amor mais protetor. Meu pai me ensinou que devemos voar com nossas próprias asas e minha mãe que o amor das pessoas nos ajuda a voar.

Mãe, obrigada por seus erros e acertos, obrigada pela vida que meu deu e por tudo que me ensinou a ser. Pai, obrigada por me deixar viver meus sonhos e sempre por me dar apoio para realizá-los.

Ah: esse post era pra ser só sobre minha mãe, mas enquanto escrevia eu notei que não sei falar dela, sem falar do meu pai, pois os dois são duas metades que se complementam.

Feliz sexta-feira 13 a todos! Que seja um dia de muita sorte.

Beijos queridos e um fim-de-semana mais que iluminado.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O poder da amizade

A amizade é um poderoso vínculo afetivo.
Um amigo nos consola, nos diverte, nos ajuda, nos critica quando é preciso, nos puxa para a realidade e nos faz sonhar quando precisamos de esperança.
A amizade é algo maravilhoso. Ao contrário do amor, não exige exclusividade e até fica feliz quando encontramos novos amigos. Amizade é algo que se permite compartilhar.

Se pararamos pra pensar, os amigos, ao longo da vida, já nos tiraram de muita encrenca e já nos ajudaram a não perder o rumo.

Então porque será que é tão difícil fazer e manter amizades?
É porque não gostamos de nos expor, não gostamos de mostrar nossas falhas, nossas pisadas de bola. Pra se ter uma amizade verdadeira é preciso se abrir por inteiro e isso não é fácil.
Fora que também existe o medo de que aquela pessoa traia sua confiança, que não te entenda, que te julgue, que te magoe.

É preciso se abrir e deixar um pouco o medo de lado. É preciso também usar a intuição, pois no fundo a gente sabe em quem confiar.
É preciso também aprender a perdoar, pois seu amigo irá falhar com você. Ele pode errar, é humano. Mas se ele for teu amigo de verdade, será apenas um escorregão.

Quando nos afastamos dos amigos, fazemos coisas que nos destroem. Nos envolvemos em relações conturbadas por pura solidão, gastamos demais, comemos demais, vemos tv demais e passeamos de menos. Acredito que a amizade é um poderoso anti-depressivo.

Pode ser um amigo de infância, um colega da faculdade, um visinho, um colega de trabalho e até um amigo virtual. Tudo vale. O importante é que seja um laço sólido, alguém com quem você possa dividir seus medos e alegrias, alguém pra quem você fale dos seus sonhos e desilusões. Guardar tudo pra si, sejam alegrias ou tristezas, é o pior dos venenos, pois faz a vida perder o sentido.

Que possamos dizer aos nossos amigos o quanto eles são importantes. Que possamos fazer novas amizades. Que possamos nos permitir conhecer. Assim a vida passa a ter mais graça.