Acaso

Segundo o dicionário Aurélio: acaso[De a3 + caso.] Substantivo masculino. "Conjunto de causas imprevisíveis e independentes entre si, que não se prendem a um encadeamento lógico ou racional, e que determinam um acontecimento qualquer."

Acaso é diferente de destino, que é algo pré-determinado. Destino é providência divina, acaso muitas vezes é sorte.

Machado de Assis,escreveu: “— Providência ou acaso?, perguntou o tenente. Eu sou mais pelo acaso.”

Eu gosto do destino, da predestinação, da providência e do acaso, porque às vezes gosto de não ter controle sobre o rumo das coisas. Eu gosto da surpresa, do inesperado. Acredito que o acaso possa mudar a direção do destino. O acaso pode te livrar de um caminho que talvez não fosse o melhor para você, embora estivesse predestinado. Sérgio Britto, dos Titãs, escreveu sabiamente na letra Epitáfio "O acaso vai me proteger; Enquanto eu anda distraído. O acaso vai me proteger; Enquanto eu andar...". Precisamos continuar seguindo para encontrar o acaso. Não adianta você se trancar em casa, esperando o dia em que um milagre vai acontecer, porque pode ser que o acaso ou o destino não tenham seu endereço, ou pode ser que as portas de sua casa possam estar fechadas. É preciso sair para o mundo, é preciso se arriscar. Se não puder sair, pelo menos abra a janela.

Existem aqueles que dizem que nada acontece por acaso, que tudo é destino, predestinação ou providência. Não sou como eles, eu acredito no acaso. A surpresa, a sorte e o inesperado existem sim e podem contrariar o rumo de tudo o que estava escrito, porque a cada momento a vida pode ser reescrista e nem sempre é por você ou por alguém anteriormente.

Ainda há outros, que vêem o acaso como algo ruim, como escreveu Arthur Schopenhauer ( filósofo alemão do século XIX da corrente irracionalista) , em 'Aforismos para a Sabedoria de Vida' : "O acaso é um poder maligno, no qual se deve confiar o menos possível. De todos os doadores, ele é o único que, ao dar, mostra ao mesmo tempo e com clareza que não temos direito nenhum aos seus bens, os quais devemos agradecer não ao nosso mérito, mas tão-só à sua bondade e graça, que nos permitem até nutrir a esperança alegre de receber, no futuro e com humildade, muitos outros bens imerecidos. Eis o acaso: mestre da arte régia de tornar claro o quanto, em oposição ao seu favor e à sua graça, todo o mérito é impotente e sem valor." Me desculpe Dr. Arthur, mas discordo. Por que não posso dar mérito do inesperado e ser grata por isso? Nem tudo tem que ser mérito próprio, mas acredite, o acaso só vai sorrir se você realmente quiser, se não você joga fora a oportunidade. Claro que também, pode haver o acaso que não traga o bem, mas graças ao nosso livre arbítrio e ao nosso poder de discernimento, podemos nos livrar dele. O Dr. Arthur era pessimista em sua visão do mundo. Pertencia ao grupo de pessoas que gosta de controlar tudo, que não gosta de surpresas, que não se arrisca ou aventura. Eu conheço muita gente assim e olhando bem de perto para elas, quase não vejo a alegria da descoberta e nem o brilho do entusiasmo. Essas pessoas acham que andar na estrada escura de lanterna acesa é vantagem, mas se esquecem que ao andar no escuro, você pode parar e ver melhor as estrelas e, em algum momento, deixar que a sua própria luz se acenta.

A nossa vida é uma sucessão de instantes repletos de acaso, escolhas, vontades, providência, sorte e azar. A única coisa que realmente importa é o que fica dentro de você, o que você sabe e sente. Então, permita-se mais o acaso. Aproveite mais do destino. E, quando assim desejar, use seu livre arbítrio para mudar de estrada.

O acaso é simplesmente o elemento surpresa. Acredite, sem ele a vida perde um pouco a graça.