sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Autoperdão

“Aquele que, em qualquer tempo,nunca perdeu a razão, demonstra não dispor de nenhuma para perder”(Nestroy)

Aprendemos desde criança que devemos perdoar aos que nos ofendem. Através de catequese familiar e ou religiosa, foi-nos ensinado que perdoar o próximo é uma atitude nobre e divina. Que, quem não perdoa não é perdoado. Que errar é humano e perdoar é divino.

No entanto, faltou na “catequese” o item “perdoar a si mesmo”. Aprendemos pouco ou nada sobre o auto-perdão... Sobre o dar a nós mesmos o direito de errar e depois reconhecer que erramos, e aí perdoar-nos. Como não fomos ensinados sobre isso, ficamos na dependência de que alguém nos perdoe - sem, contudo, apontar nossos erros.

O autoperdão se encaixa na capacidade da auto-aceitação. Aceitar que a forma de expressar o ser humano que somos não é certa nem errada e, sim, única.

Autoperdão não tem nada a ver com autocondescência. Autocondescência tem uma pitada de autopiedade, pois a pessoa se “perdoa” falando assim: “Ah, mas coitado de mim, eu não podia fazer diferente. A culpa é do outro”! Na auto-condescência a “culpa” por não dar certo determinada situação é do outro. Foi o outro que não facilitou, foi o outro que não teve boa vontade, foi o outro que exigia demais... e por ai vai no seu pseudo autoperdão...

Autoperdão é assumir quem você é: nem melhor nem pior do que ninguém. Não tem julgamento! Saber que fez o seu melhor naquele momento. Consiste em falar o que sente e o que pensa, porque é realmente o que sente e o que pensa; dando-se ao direito de posicionar-se diante das situações da sua própria vida.

Ao perdoar-se, a pessoa pára de exigir de si mesma aquilo que ainda não está pronta para dar, bem como pára de se culpar por algumas “bolas fora” que dá. Pára de se auto-exigir e dar ao outro ou para o mundo o que “acredita” que estão exigindo. É a libertação da ditadura auto-imposta que se acredita vir de fora.

A ética não se aplica apenas nas relações interpessoais, mas, também, na relação intrapessoal: se você não respeita seus limites nem se perdoa por tê-los, você está sendo antiético consigo mesmo.

Portanto: perdoe-se, aprenda e siga em frente.